sexta-feira, 6 de junho de 2025

O DESEJO

O desejo é uma centelha - silenciosa ou flamejante - que habita o fundo da alma. Não se contenta com o que é, mas projeta o que poderia ser. É ausência e promessa ao mesmo tempo. Desejar é viver em estado de inquietação: o olhar que atravessa o horizonte, o corpo que se move em direção ao que ainda não se tem.

Ele não pede licença; nasce súbito, inesperado. Às vezes com a suavidade de um sussurro, outras com a urgência de uma tempestade. Pode ser simples como o anseio por um abraço, ou profundo como a busca por sentido. Há desejos que libertam e outros que aprisionam. Desejar é, inevitavelmente, colocar-se em risco de sonhar, de sofrer, de crescer.

Na arte, no amor, na filosofia, o desejo é motor. É o que move o criador diante da tela em branco, o poeta diante da palavra muda, o amante diante da ausência. É ele que nos tira da inércia, que nos arrasta para o desconhecido, que nos transforma.

Mas o desejo também é ambíguo. Pode ser luz ou sombra. Quando não reconhecido, torna-se angústia. Quando reprimido, torna-se silêncio. Saber nomeá-lo é o primeiro passo para o compreender e, talvez, nunca o saciar por completo. Porque desejar é humano. E ser humano é, por natureza, ser incompleto.

Amanhã estarei na Feira do Livro

A partir das 16:30 no CAL e nos livros Horizonte

 

1 comentário:

Pedro Coimbra disse...

Agora só desejo que quinta feira chegue depressa.
E com ela a Mariana e o namorado.

OSZAR »