O desejo é uma centelha - silenciosa ou flamejante - que
habita o fundo da alma. Não se contenta com o que é, mas projeta o que poderia
ser. É ausência e promessa ao mesmo tempo. Desejar é viver em estado de
inquietação: o olhar que atravessa o horizonte, o corpo que se move em direção
ao que ainda não se tem.
Ele não pede licença; nasce súbito, inesperado. Às vezes com
a suavidade de um sussurro, outras com a urgência de uma tempestade. Pode ser
simples como o anseio por um abraço, ou profundo como a busca por sentido. Há
desejos que libertam e outros que aprisionam. Desejar é, inevitavelmente,
colocar-se em risco de sonhar, de sofrer, de crescer.
Na arte, no amor, na filosofia, o desejo é motor. É o que
move o criador diante da tela em branco, o poeta diante da palavra muda, o
amante diante da ausência. É ele que nos tira da inércia, que nos arrasta para
o desconhecido, que nos transforma.
Mas o desejo também é ambíguo. Pode ser luz ou sombra. Quando
não reconhecido, torna-se angústia. Quando reprimido, torna-se silêncio. Saber
nomeá-lo é o primeiro passo para o compreender e, talvez, nunca o saciar por
completo. Porque desejar é humano. E ser humano é, por natureza, ser
incompleto.
Amanhã estarei na Feira do
Livro
A partir das 16:30 no CAL e nos
livros Horizonte
1 comentário:
Agora só desejo que quinta feira chegue depressa.
E com ela a Mariana e o namorado.
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